Massacre de Khan Yunis - Terror de Israel na Palestina.
Khan Yunes é uma cidade palestina situada no sul da Faixa de Gaza,
que havia sido ocupada e controlada pelo Egito entre o armistício de 1949 e a
guerra árabe-israelense de 1967.
Em
03 de novembro de 1956, quando Khan Yunis servia como campo de refugiados
palestinos, Israel invadiu e matou dezenas de palestinos, no que ficou
conhecido como o Massacre de Khan Yunis.
Fatos que antecederam ao Massacre de Khan Yunis
Em
1956, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser decidiu nacionalizar o Canal de
Suez, uma passagem importante para o comércio de região, entre o mar Mediterrâneo
e o mar Vermelho, que facilita a viagem entre a Europa e a Ásia sem precisar
contornar a África, reduzindo a distância em cerca de 7 mil quilômetros.
No
dia 24 de outubro de 1956, aconteceu uma reunião secreta em Sèvres, entre
Grã-Bretanha, França e Israel, que concordaram em atacar o Egito, para proteger
seus interesses no Canal de Suez. O ataque começou em 29 de outubro.
Em
30 de outubro, Estados Unidos e União Soviética exigiram que parassem os
ataques contra o Egito e que Israel retirasse as suas forças de volta para a
linha de armistício. Enquanto isso, forças navais francesas bombardeavam a
cidade de Rafah e a Força Aérea Britânica bombardeava bases aéreas egípcias.
Israel informou que tinha conquistado Rafah em 01 de Novembro, e começou a
bombardear a Faixa de Gaza.
Em
02 de novembro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou um cessar-fogo na
região. Neste mesmo dia o Egito perde o controle da Península do Sinai e Israel
entra em Gaza através da cidade de Rafah.
Os motivos do Massacre de Khan Yunis
O
propósito de Israel ao ocupar a Faixa de Gaza era exterminar os fedayins,
militantes palestinos de Gaza, contudo a maior parte das vítimas do Massacre de
Khan Yunis era civis, mulheres, crianças e idosos.
O
Exército de Israel, nas primeiras horas do dia 02 de novembro, comunicou saber as
identidades dos fedayins e que iria puni-los por atacar Israel. Com isso, aproximadamente
1.500 fedayins fugiram da Faixa de Gaza.
Depois
de matar ou capturar todos os que eles achavam serem militantes hostis, as
forças de Israel se reuniram em Khan Yunis. Em oposição a rápida rendição de
forças egípcias em Gaza, a guarnição militar em Khan Yunis, sob o comando do
general Yusuf al-Agrudi montou uma forte resistência. Israel respondeu com
bombas e ataques de artilharia sobre a cidade, o que causou grandes perdas em
vidas civis e soldados.
Homens
suspeitos de terem usado armas foram executados no local, em suas casas ou
locais de trabalho, enquanto que todos os homens de 15 anos a 60 anos de idade
foram obrigados a se reunir em um local.
Dois
massacres de civis ocorreram em seguida. O primeiro ocorreu quando cidadãos palestinos
foram metralhados depois de serem forçados a se alinhar contra a parede da
antiga hospedaria Otomana. Os moradores locais afirmam que o número de
palestinos mortos foi mais de 100, de acordo com depoimentos colhidos por Joe
Sacco. O outro massacre teve lugar no campo de refugiados de Khan Yunis.
De
acordo com um relato de um fedayin em fuga, Saleh Shiblaq, as forças israelenses
entraram na cidade na manhã de 03 de novembro, forçaram os homens a saírem de
suas de suas casas ou de onde fossem encontrados.
Em
2003, em entrevista dada a Joe Sacco, Shiblaq narrou que todos os Idosos,
mulheres e crianças foram removidos de suas casas. Após a sua partida, os
jovens que ficaram, foram fuzilados com rajadas de tiros por soldados
israelenses. Os homens residentes em Jalal Street, no centro de Khan Yunis, foram
alinhados e alvejados a partir de posições fixas, com metralhadoras leves “Bren”,
disparando a tal ponto que um cheiro de pólvora encheu o ar.
Relatos de historiadores e testemunhas sobre o Massacre de Khan Yunis
Segundo
Jean-Pierre Filiu, professor de estudos do Oriente Médio no Instituto de
Estudos Políticos de Paris, a forma com que Israel identificou os fedayins, foi
inexata, quem tivesse um retrato de Nasser em sua parede passava a ser suspeito,
ou quem tivesse um nome parecido com alguém na lista de suspeitos do Shin Bet,
uma das organizações de inteligência israelense, era preso.
De
acordo com Benny Morris, historiador israelense e professor de história no
departamento de Estudos do Oriente Médio da Universidade Ben-Gurion, soldados
israelenses mataram duzentos palestinos no Massacre de Khan Yunis e em Rafah.
Outro
historiador americano, Noam Chomsky, em seu livro “The Fateful Triangle”, afirma
que 275 palestinos foram mortos no Massacre de Khan Yunis, numa busca brutal de
casa em casa, procurando pelos fedayins, e outros 111 foram mortos em Rafah.
De
acordo com Joe Sacco, cartunista e jornalista americano, em seu livro Footnotes
in Gaza (Notas de rodapé em Gaza), onde ele descreve o Massacre de Khan Yunis, soldados
israelenses mataram alguns homens palestinos em suas casas e alinharam outros
contra a parede e os executaram.
O
soldado israelense Marek Gefen que serviu em Gaza na época do Massacre de Khan
Yunis, tornou-se jornalista mais tarde, e em 1982 publicou suas observações da
caminhada pela cidade logo após os assassinatos. Em seu relato de ocupação após
o Massacre de Khan Yunis, ele disse: "Em alguns becos encontramos corpos
espalhados no chão, cobertos de sangue, a cabeça quebrada. Ninguém teve o
cuidado de removê-los. Foi terrível. Eu parei em um canto e vomitei. Eu não
podia me acostumar com a visão de um matadouro humano”.
Consequências do Massacre de Khan Yunis
Após
o Massacre de Khan Yunis, foi imposto um toque de recolher aos cidadãos de Gaza,
impedindo-os de recuperar os corpos de seus companheiros da aldeia, ficando
expostos e espalhados no local durante a noite. Os feridos foram transportados
para a Cidade de Gaza pela Cruz Vermelha Internacional para tratamento médico.
Curvando-se
a pressão internacional, Israel se retirou de Gaza e do Sinai, em março de
1957. Pouco tempo depois, uma vala comum foi descoberta nas proximidades de
Khan Yunis, com os corpos de quarenta homens palestinos que tinham sido baleados
na parte de trás da cabeça.
De
acordo com o futuro líder do Hamas, Abdel Aziz al-Rantisi, uma criança de 8
anos em Khan Yunis, que testemunhou a execução de seu tio, afirmou que 525
moradores de Gaza foram assassinados pelo Exército de Israel.
Relatório das Nações Unidas sobre o Massacre de Khan Yunis
Em
15 de dezembro de 1956, o Relatório Especial do Diretor da Agência de Obras
Públicas e Socorro das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente
Médio, do período de 01 de novembro até meados de dezembro 1956 foi apresentado
à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
No
relatório o diretor reconhece o Massacre de Khan Yunis, e de um incidente
semelhante, o massacre de Rafah, imediatamente após a ocupação daquela cidade.
De acordo com o relatório, 275 palestinos foram executados em 03 de novembro.
Fontes palestinas afirmam que o número foi de 415 mortos, e mais 57
desaparecidos.
Esse
é um trecho do relatório: “A cidade de Khan Yunis e o acampamento de refugiados
foram ocupados por tropas de Israel na manhã de 03 de novembro. Um grande
número de civis foi morto naquela época, mas há algum conflito nas contas dadas
sobre as causas das baixas. As autoridades de Israel afirmam que houve
resistência à sua ocupação e que os refugiados palestinos fizeram parte da
resistência. Por outro lado, os refugiados afirmam que toda a resistência havia
cessado no momento do incidente e que muitos civis estavam desarmados foram
mortos enquanto as tropas de Israel passavam pela cidade e pelo campo,
procurando homens em posse de armas”.
O número exato de mortos e feridos não é conhecido, mas o Diretor recebeu de fontes que ele considera confiáveis, listas com nomes de pessoas supostamente mortas em 3 de novembro, totalizando 275 palestinos, dos quais 140 eram refugiados e 135 residentes locais de Khan Yunis.
Não publicamos as fotos do massacre por serem muito fortes, mas você pode encontra-las no link do Google abaixo.
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